sábado, 31 de outubro de 2020

 Efeitos fisiológicos da meditação – Parte 5

 

 

O objetivo principal desta publicação é mostrar para o nosso leitor que a meditação, não é meramente uma técnica de aprimoramento espiritual, embora seja mais usada com está finalidade. Conforme explicaremos a seguir, a meditação é um conjunto de técnicas que produz efeitos fisiológicos significativos no corpo humano, independente das crenças do meditador, podendo e devendo ser usada como atividade terapêutica complementar

O estudo científico da meditação foi deflagrado no ocidente no início dos anos 70, pelo Dr. Herbert Benson, cardiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA). O interesse do Dr.   Benson, em investigar os efeitos da meditação aflorou, ao suspeitar que alguns sintomas apresentados pelos seus pacientes estavam relacionados ao stress, e ansiedade, o que foi confirmado com os resultados de suas pesquisas. Seus estudos avançaram em parceria com outros pesquisadores e demonstraram que a meditação era capaz de produzir inúmeros efeitos a saber: regularizar  os batimentos cardíacos, auxiliar no tratamento da hipertensão,  reduzir o metabolismo corporal regularizar a respiração,  ajudar no controle de reações emocionais, do estresse e da ansiedade, auxiliar  no tratamento da depressão, no alívio da dor, reduzir os distúrbios do período de tensão pré-menstrual e menopausa, diminuir os quadros de insônia, e melhorar o humor.

  Um resultado muito interessante das pesquisas do  Dr. Benson foi a constatação de que a prática da meditação, combinada com crenças pessoais, potencializava os benefícios já comprovados por esta prática. Benson chamou esta combinação de Faith Factor (fator fé), esclarecendo, todavia, de
que este fator não estava vinculado a dogmas ou posturas
religiosas, pois os benefícios da meditação poderiam ser alcançados também por aqueles que não possuem qualquer tipo de crença ou fé, seja esta filosófica ou religiosa

Estudos posteriores desenvolvidos por outros pesquisadores vêm comprovando os benefícios da prática regular da meditação e assim esta técnica passou a ser objeto de estudo da neurociência. Estes estudos rem revelado que a meditação influencia no funcionamento dos sistemas psicológico, neurológico, imunológico e endócrino e cardiovascular, contribuindo significativamente para a melhoria da saúde e na qualidade da vida humana. Deste modo, seja no campo espiritual ou terapêutico a meditação tem despertado a atenção da comunidade científica, que vem investigando a respeito das áreas cerebrais que são ativadas durante a sua prática.  A seguir apresentaremos uma síntese dos principais achados na literatura científica organizados por área de conhecimento;

 Neurociência  

Os estudos científicos têm revelado, que a meditação, tem o poder de remodelar o sistema nervoso a nível estrutural e funcional, qualidade conhecida como “neuroplasticidade”, contribuindo tanto para a melhoria quanto para a recuperação da saúde física e mental do praticante.  Nesta linha de pesquisa os resultados tem demonstrado que a meditação:

          ·       Ativa o sistema límbico. Este sistema é um conjunto de estruturas cerebrais         interconectadas, responsável pelas funções de motivação emoção e que influencia também os processos de atenção, memória e aprendizagem. Corroborando esses achados pesquisadores observaram que a massa cinzenta do cérebro se tornava mais densa em áreas relacionadas à memória e ao processamento emocional em meditadores experientes.

         ·       Produz mudanças da atividade neuroelétrica cerebral  detectadas   através do Exame de Eletroencefalograma (EEG) durante meditação realizada para combater a ansiedade 

 ·       Faz com que o cérebro de meditadores regulares recrute menos áreas cerebrais para realizar uma determinada tarefa, como se fizesse uma economia de energia mental, o que se traduz em mais foco e concentração.

 ·       Preserva a vitalidade cerebral conforme revelaram estudos científicos comprovando que praticantes regulares de meditação aos 50 anos tinham a mesma quantidade de massa cinzenta que os indivíduos de 25 anos.

 ·       Promove a ativação do córtex pré-frontal esquerdo capaz de estimular o desenvolvimento de traços saudáveis da personalidade  


Área neuroendócrina

Na área neuroendócrina, a pesquisa tem revelado que meditar regularmente diminui a concentração dos hormônios do estresse cortisol e adrenalina, além de aumentar a produção de endorfina, serotonina, dopamina no cérebro. Esses últimos neurotransmissores são responsáveis pela sensação de bem-estar, prazer e disposição.

O cortisol e a adrenalina são hormônios produzidos pela glândula suprarrenal (Adrenal) que é estimulada nos estados de estresse por conta da ativação do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, conforme explicamos em postagem anterior.

A endorfina é um potente calmante natural, diminui a dor, além de aumentar a sensação de bem-estar e melhorar o humor

A serotonina é considerada o hormônio da felicidade, um antidepressivo natural, que contribui para redução das doses dos antidepressivos convencionais e em alguns casos para cura depressão nos praticantes regulares de meditação.

A dopamina é um neurotransmissor fundamental para a motivação, foco e produtividade. Pessoas com baixas concentrações de dopamina são apáticas, desanimadas e ficam mais suscetíveis à tristeza, ansiedade e depressão.  A meditação regular aumenta a produção de dopamina no cérebro melhorando o ânimo e a disposição destas pessoas

Imunidade

Estudos científicos têm demonstrado que a meditação influencia no Eixo Hipotálamo - Hipofisário - Adrenal reduzindo os hormônios do estresse adrenalina e cortisol que fragilizam a imunidade

Pesquisas mais recentes comprovaram que  praticantes regulares de meditação tem a imunidade melhorada devido ao aumento da telomerase, que é uma enzima importante do sistema imunológico

 

Sistema nervoso autônomo

          Estudos experimentais relativos aos efeitos da meditação sobre sistema nervoso autônomo têm evidenciado que, além da redução da pressão arterial e da frequência cardíaca, tem sido observado também a redução do consumo de oxigênio, da eliminação de gás carbônico e da taxa respiratória, o que indica uma diminuição da taxa do metabolismo. É com base nessa capacidade que a meditação tem revelado, de influenciar em processos psicobiológicos autonômicos, que ela tem sido considerada como uma técnica eficaz autoregulação / biofeedback

 

Estresse

Estudos de acompanhamento descobriram que a meditação auxilia no controle   e melhora a, adaptação ao estresse, pois aquele que medita relaxa com mais facilidade depois de experiência desafiadora. Isto permite que o meditador regular consiga perceber com maior precisão a intensidade da experiência estressante diminuindo o seu impacto emocional e suas consequências fisiológicas

Hábitos doentios

Pessoas com o transtorno do comer compulsivo ( bulimia) que utilizaram a  meditação com parte de seu processo terapêutico, tiveram a freqüência e a intensidade de seus episódios diminuídos

Genética

Mas o mais surpreendente são os resultados que revelaram que a pratica regular da meditação pode reduzir os genes envolvidos na resposta inflamatória e promover os genes associados à estabilidade do DNA reduzindo a incidência a câncer e aumentando a longevidade

A despeito dos inúmeros benéficos da meditação sobre a saúde humana, comprovados cientificamente, é importante salientar que o tratamento adequado é aquele que leva em conta a abordagem integral do ser humano onde além do tratamento convencional, são utilizadas técnicas alternavas relacionadas a medicina em energética, associadas a outros os recursos complementares, como uma pratica regular de exercício, a dieta equilibrada e período de  sono adequando . Neste contexto a meditação ser reveste de importância fundamental para o sucesso do tratamento.

Com esta publicação, concluímos a abordagem teórica sobre os tópicos que organizamos para cobrir este tema. Agora, face o interesse demonstrado pelos nossos leitores sobre este assunto decidimos brindá-los na próxima postagem, com uma parte pratica através da apresentação da mediação a Divina Presença focada no controle da imunidade. Até lá!

                                       Dr. Luiz Hermínio

 

 

 

8 comentários:

  1. Grato pelos generosos subsídios para a trajetória da vida!
    Aguardemos as lições para a práxis.
    Grande abraço

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  2. Após esses maravilhosos ensinamentos teóricos, nos resta aguardar a parte prática e executar a meditação. Muito obrigada.

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  3. Aguardo a meditação da Divina Presença, Mestre!
    Obrigada,
    Anete Hermínia

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  4. Dr. Luiz Hermínio, muito obrigada pela explanação técnica circunstanciada sobre os efeitos fisiológicos da meditação! Realmente é surpreendente. Que cada vez mais procuremos nos habituar a exercitar esta prática.
    Aguardando com alegria a próxima postagem, a apresentação da mediação a Divina Presença focada no controle da imunidade. Muito obrigada por dedicar o seu tempo para nos ajudar.

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  5. Já li alguns estudos sobre meditação, mas essa publicação sua traz uma síntese tão completa sobre o tema que nunca tivera a chance de ler antes!! Aprendi muito!! Gratidão!!
    Afra

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  6. Você faz uma síntese muito bem elaborada sobre a prática da meditação, nos levando a compreensão de todos os campos que podemos melhorar. Só benefícios como um todo. Vou começar a praticar. Gratidão 🙏🙌.

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