sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

 


Professor Paulino, nosso eterno mestre

 

 

 No dia de 30/11/2022, faleceu aos 80 anos, por COVID, o professor José Paulino da Silva do Departamento de Filosofia e História da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde exerceu a função de professor do magistério superior até 1995, quando se aposentou. O professor Paulino nasceu na Fazenda do Cachoeira do Taepe, em Surubim-PE (1942) e foi seminarista na Congregação Salesiana Dom Bosco em Jaboatão. Era Doutor em Filosofia e História da Educação, havendo ingressado na UFS em 1970. Ao longo de sua jornada acadêmica profissional, além de orientar vários alunos, publicar livros e artigo científicos, assumiu importantes funções na administração superior da Universidade, desde a sua fundação quando foi assessor do primeiro reitor da UFS (1968-1972) Dr. João Cardoso do Nascimento Júnior. Posteriormente assumiu outros cargos importantes tais como Pró-reitor de Assuntos Estudantis (1978), Pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa (1980), e Vice-reitor na nossa gestão (1992-1996.)

 

Na nossa gestão à frente da UFS, fui agraciado por Deus com a sua companhia. Com muito mais experiência na administração universitária do que eu, e muito mais conhecido no seio da comunidade universitária, aceitou humildemente   o convite para ser o nosso vice-reitor, priorizando em sua decisão os interesses institucionais e da sociedade sergipana.  Escrevemos a duas mãos o projeto “O saber e o fazer em prol da revitalização da UFS”. Sua participação foi muito importante não só na construção do projeto, mas sobretudo na sua execução ao longo da nossa gestão. A sua presença permanente a meu lado, foi decisiva para a qualidade e segurança das minhas decisões à frente da administração da UFS. Mas nossa sintonia não se restringiu a área  da administração universitária, foi muito além disso, se expressando em todos os campos da nossa convivência intima, a ponto de tê-lo como um irmão espiritual. Tornou-se meu compadre, depois meu paciente, submetendo-se semanalmente às sessões de terapia psicobioenergetica, a que passei a me dedicar após o exercício da Reitoria . Tudo isto, foi consolidando uma amizade espiritual de 40 anos de convivência e que, portanto, não se extinguirá com o seu falecimento, pelo contrário ele agora vive em mim através do conjunto de suas virtudes que foram impregnadas na minha alma e continuarão a se expressar através das minhas atitudes.

Essa sua característica, de marcar indelevelmente a vida daqueles que prezaram da sua amizade, foi uma expressão marcante em toda sua trajetória de vida, onde sempre procurou dar o melhor de si pelo desenvolvimento do   seu semelhante, especialmente dos seus alunos aos quais sempre se dedicou muito amorosamente.  Todos que conviveram com ele haverão de reconhecer a sua importância na transformação de suas vidas.

 

         

 

 

 

 

Professor Paulino, portanto, foi um ser especial, uma personalidade singular no modo de ensinar, expressando no seu fazer cultura, compromisso social, sensibilidade, espiritualidade e sobretudo amorosidade. Pessoa que sempre cultivou a simplicidade. Nunca se preocupou com aparência, nem com a projeção externa do seu trabalho e sim no bem fazer, sempre visando o benefício do seu semelhante. Seu valor intelectual foi sobejamente expresso nos livros e artigos que publicou, destacando-se os estudos sobre a participação de Sergipe na “Guerra de Canudos”, mas o diferencial na vida do professor Paulino com certeza não foi o seu cabedal cientifico e sim o seu exemplo de vida como cidadão honrado, respeitador dos valores morais e espirituais, expressando sua solidariedade e amorosidade com todos que dele se aproximava. Um homem de ideias progressistas, se posicionando sempre de forma corajosa a favor das minorias desfavorecidas dos benefícios do desenvolvimento sócio econômico. Defensor intransigente da preservação e divulgação da cultura popular e dos artistas regionais.  Sua função de professor transcendeu em muito sua atuação em sala de aula. Suas melhores lições foram dadas na sua forma elegante de enfrentar a vida.

 

A missão do professor é, indubitavelmente divina e essencial para a transformação do mundo. Saber sustentar a vida com de dignidade, é o legado maior que professor Paulino, que se entregou de corpo e alma a essa nobre missão, nos deixa. Os bons professores têm um impacto permanente na vida dos seus alunos e, portanto, continuam os acompanhando quando vão para eternidade. Segundo o educador Paulo Freire “O educador se eterniza em cada ser que ele educa. ” –  . Portanto, sintonizado com esse pensamento, Professor Paulino   será sempre o nosso “Eteno Mestre”

 

Prof. Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira

Ex-reitor da UFS (1992-1996)

 

 

 

 

quinta-feira, 16 de junho de 2022

 

 

 A IMPORTÂNCIA DA FÉ EM DEUS

 


Indiscutivelmente a ciência evoluiu muito e tem trazido contribuições insofismáveis para a promoção e melhoria da saúde humana, no entanto há situações em que parece não ter recursos suficientes para solucionar alguns problemas. Nestas situações, para aqueles que tem fé em Deus, o caminho para renovar a esperança na cura é a incursão espiritual, através da qual busca-se encontrar a solução almejada num lugar onde o real coexiste com algo maior e sagrado e cujo poder transformador transcende os limites do mundo material. Este caminho representa uma tentativa de conexão com o divino que há dentro entro de nós, seja diretamente por meio de contato íntimo com Deus (a oração) ou por meio da religião. Esta tentativa de estabelecer uma sintonia profunda com Deus nos faz revigorar   a confiança nos seus poderes restaurando a serenidade nos momentos de atribulações e incertezas convertendo a fé em esperança.

      Em uma postagem anterior, em que fizemos algumas reflexões sobre a Deus, ressaltamos que não pretendíamos com aquela publicação persuadir o leitor a acreditar ou não na existência de Deus e sim provocar sua reflexão sobre esse assunto tão importante para o desenvolvimento humano. O mesmo esclarecimento se aplica à presente publicação quando abordamos um tema tão subjetivo quanto a fé em Deus. A motivação maior desta postagem foi compartilhar com vocês a minha emoção no momento de pagamento de uma promessa por graça alcançada por nossa família, com a intercessão de Santa Dulce, na igreja que leva o seu nome na cidade de Salvador (Bahia), como testemunho da minha fé em Deus.

Naquela oportunidade fomos tomados por uma profunda emoção que nos fez derramar lágrimas.  Nosso estado d’alma começou a mudar tão logo adentrarmos ao recinto, ao perceber a singela beleza da Igreja   e sentir uma atmosfera de paz, espiritualidade e congraçamento humano.  Com o início da solenidade nossa emoção foi crescendo progressivamente com a beleza e o conteúdo dos cânticos e o fervor das orações. Nos sensibilizamos muito com a sintonia espiritual do sacerdote com os fiéis, conduzindo de forma harmônica a aquela solenidade religiosa, como um maestro regendo uma orquestra em que todos estavam sintonizados pela fé em Deus, tanto aqueles que foram agradecer as graças alcançadas quanto aqueles que foram pedir solução para seus problemas existenciais. Mas o ápice da emoção ocorreu quando o sacerdote circulou com o ostensório de forma compenetrada e paciente para que todos pudessem tocar aquele símbolo divino e reforçar seus pedidos ou agradecimentos. Aquele cenário especial, me fez sentir em um oásis espiritual sobretudo em tempos tão áridos de respeito aos valores espirituais como estamos vivenciando, revigorando a minha alma. Esta emoção singular me motivou a discorrer sobre a fé em Deus

 Primeiramente é importante esclarecer que a fé não está necessariamente ligada à doutrina religiosa e não está restrita ao campo espiritual. Essa crença pode ser nutrida em relação a uma pessoa, a uma substância, a um objeto ou mesmo a um pensamento filosófico ou cientifico. A veracidade desta afirmação pode ser facilmente comprovada através do esclarecimento dos conceitos de placebo e nocebo adotados pela medicina convencional

No contexto médico científico, o placebo é um instrumento imprescindível para avaliação e desenvolvimento de novos medicamentos e procedimentos terapêuticos. Ele funciona como base de comparação para testar a eficácia de drogas e tratamentos médicos. Utiliza-se para esta finalidade substâncias sem o princípio ativo para um grupo controle que servira de comparação com o grupo que ingerirá o medicamento contendo o princípio ativo que está sendo testado. O estudo científico tem comprovado que um terço (cerca de 33%) dos pacientes que ingeririam o placebo acreditando estar tomando medicamento com o princípio ativo apresenta melhora das queixas comprovando o efeito da influência da fé nos resultados da pesquisa

         Já o efeito nocebo é uma espécie de oposto do efeito placebo. É a manifestação de sintomas indesejáveis após a ingestão de determinada substância supostamente nociva a saúde como acontece quando pessoas com intolerância glúten são testados utilizando dieta sem gluten, observa-se que um determinado percentual apresenta piora dos sintomas gastrointestinais mesmo sem ter ingerido esta substância.

  A organização mundial da saúde (OMS) reconhece a influência da fé na saúde física e mental, no entanto apesar das evidências científicas do poder da fé muitas pessoas não se utilizam deste instrumento para ajudar a solucionar problemas de sua vida. Como vimos acima uma substância pode causar bem ou mal ao indivíduo a depender da sua crença a respeito do poder daquela substancia sobre o organismo, portanto, depreende-se, portanto, que a fé em um poder que transcende os limites do mundo material poderia se constituir num instrumento poderoso para superação dos momentos difíceis, podendo acender uma centelha de luz nos momentos de treva.

 Independente das crenças de cada um, a fé faz com que as pessoas tenham esperança de alcançar algo melhor, motivando-as   a seguir em frente em situações que o objetivo parece impossível de se concretizar encorajando-as a tomar decisões arrojadas. Além do mais a fé contribui não só para alcançar objetivos e a atravessar situações de dificuldade, mas também para tornar as pessoas mais solidárias, amorosas e felizes

A vida de qualquer ser humano que busque o autodesenvolvimento é movida por metas e objetivos. Naturalmente as pessoas que não acreditam em Deus, acham que podem alcançar tudo o que deseja com os seus próprios esforços e méritos, nós, no entanto consideramos a fé em Deus de fundamental importância para concretizarmos nossos anseios. Eu mesmo, quer como individuo ou como médico vivenciei várias situações que pareciam intransponíveis e fui movido pela fé em Deus a enfrenta-las pois era o único caminho que restava para que pudéssemos superar aquela adversidade e surpreendentemente alcançamos alguns resultados inexplicáveis à luz dos conhecimentos científicos vigentes.

A forma de consolidar nossa fé em Deus é buscar ter mais intimidade com Ele através da oração. Ao nosso entender esta oração é uma conversa intima com Deus, independente da observância de rituais e princípios doutrinários, buscando ajuda para nos orientar a escolher caminhos e superar adversidades 

Esta relação intima com Deus nos permite viver sua verdade de uma forma mais plena e segura. Evidentemente que a fé deve ser acompanhada de ações e estas ações devem caminhar alinhadas com a ciência ou seja, por mais que você tenha fé, se não se esforçar para alcançar suas metas, observando princípios científicos que estão alinhados com as leis de Deus não alcançarão a graça almejada. Nossa compreensão é de que a ciência espiritualidade podem e devem caminhar juntas na solução dos problemas da humanidade

A fé pode transformar nossas vidas. A minha mudou por esse caminho. Quando atingi o auge da minha carreira acadêmica profissional como Presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio as Instituições de Ensino Superior fui atingido, num mesmo período, por um turbilhão de fatos que me causaram intenso sofrimento e o maior deles, sem dúvida alguma, foi o diagnóstico do câncer fulminante que acometeu minha mãe e que me fez buscar a compreensão da vida através da incursão espiritual.

 Neste momento de grande tristeza fui orientado por uma das minhas irmãs a procurar ajuda espiritual que, resumidamente culminou com minha tentativa de interação com Deus através da oração, sempre á noite antes de conciliar o sono. E, seguindo persistentemente este caminho, uma certa vez acordei no meio da noite percebendo uma silenciosa mensagem que recomendava uma revolucionária mudança na minha trajetória de vida, numa direção que eu jamais havia imaginado. Apesar da orientação conflitante com meus planos anteriores eu ouvia a mensagem preenchido por um sentimento de profunda paz, me fazendo crer que eu deveria seguir o caminho apontado por aquela voz interior e assim o fiz. Empreendi uma série de mudanças articuladas visando alcançar a paz interior. Uma dessas mudanças foi a de decidir me dedicar ao estudo de ciência e espiritualidade em prol da saúde humana, caminho que resultou na mudança da minha trajetória profissional para me dedicar a medicina energética/espiritual, culminando com criação da Clínica Pio XII-Espaço Renascer que através do seu plano de atuação tem ajudado a várias pessoas superarem dificuldades que pareciam intransponíveis à luz da ciência médica convencional.

 

Dr. Luiz Hermínio

 

 

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sexta-feira, 11 de março de 2022

 Consequências indiretas da COVID-19



As consequências diretas da ação do coronavirus sobre o organismo humano tem sido bastante destacadas pelos meios de comunicação em função da gravidade das lesões provocadas e da alta taxa de mortalidade alcançada, sobretudo nos momentos de pico da pandemia. No entanto muitos outros efeitos indiretos igualmente graves da pandemia sobre a sociedade em geral não têm merecido o mesmo destaque. Em postagem anterior comentamos que a pandemia provocava em todas as regiões atingidas, graves prejuízos, em diferentes proporções, em várias dimensões da vida social.  Todavia na presente publicação pretendemos focar nossa atenção apenas nas ações indiretas produzidas pela pandemia no campo da saúde de humana.

         Em primeiro lugar queremos ressaltar que, apesar de plenamente favorável ao isolamento adotado nos períodos críticos da pandemia, como importante instrumento para a prevenção da disseminação da enfermidade, o pânico gerado pelos riscos de contrair a COVID-19, fez com que uma parcela considerável da população tentando preservar a vida a qualquer custo, evitasse todo tipo de interação, inclusive aquela relativa a assistência médica. Na maioria dos casos, o acompanhamento médico regular foi quase totalmente suspenso por cerca de dois anos, se limitando os pacientes a procurar apenas serviços de emergência, assim mesmo quando a situação espelhava uma gravidade maior. Merece ressalvar que uma minoria da população mais favorecida economicamente procurou minimizar esses efeitos através de consulta por telemedicina.

 O medo da contaminação nos serviços de saúde, congestionados pelos pacientes acometidos da COVID -19, fez com que os pacientes, sobretudo aqueles aparentemente saudáveis ou assintomáticos suspendessem o acompanhamento regular que faziam com seus médicos. Deve-se ressaltar também que vários profissionais de saúde suspenderam temporária ou definitivamente o exercício de suas funções contribuindo para a quebra da regularidade desse tipo de atendimento.  Esta situação fez com que os pacientes deixassem de fazer o seu habitual check-up, impossibilitando, por conseguinte o acompanhamento adequado de seu quadro clínico-laboratorial, a identificação de um possível agravamento silencioso de doenças crônicas e o diagnóstico precoce de outras patologias graves.

         Uma situação muito comumente observada neste período de pandemia, foi a manutenção da prescrição originalmente feita pelo médico, por um tempo exageradamente prolongado, sem a devida revisão periódica para os devidos reajustes de dose ou modificação de medicamentos. Neste particular, infelizmente constatamos na nossa área de atuação (cardiologia) algumas consequências graves devido a um relaxamento no controle da pressão arterial como acidente vascular cerebral popularmente conhecido como derrame e o enfarto do miocárdio. Estas lamentáveis situações nos estimularam a abordar esse tema como forma de alertar as pessoas para importância da regularização da sua programação de assistência e promoção a saúde.

             Uma série de outras situações causaram prejuízos a saúde humana.  Alguns pacientes tiveram de suspender seus tratamentos fisioterápicos prejudicando a sua reabilitação, crianças portadoras de necessidades especiais interromperam sua programação regular de tratamento, comprometendo o seu desenvolvimento psicomotor. A maioria das pessoas reduziu ou suspendeu seu programa de atividades físicas tornando-se sedentários, promovendo a obesidade e o agravamento de doenças articulares e vasculares

 Além desta falta de contato médico adequado, outros fatores contribuíram para o agravamento destas situações : o afastamento  dos  entes queridos; a redução da frequência aos templos religiosos para praticas espirituais, a interrupção de terapias alternativas; o relaxamento nos cuidados  dietéticos, compensando  a  dor da solidão através do prazer alimentar muitas vezes com alimentos totalmente desaconselháveis ; a tristeza pela perda de familiares e amigos ; o desemprego ou  a diminuição de renda limitando parcial ou totalmente a adoção de medidas para  uma qualidade de vida aceitável diante das imposições da pandemia.  Tudo isso contribui para o aparecimento ou agravamento de vários tipos de enfermidades sobre tudo ansiedade, síndrome do pânico e depressão.

             No atual momento percebemos que, face ao prolongado tempo de isolamento e da imensa tristeza gerada pelo grande número de traumas sofridos pela população durante esta pandemia, as energias da população parecem direcionadas prioritariamente para a retomada das confraternizações e festejos.  Embora perfeitamente compreensível esta reação impulsiva, este retorno açodado não é justificável à luz da razão, pois precisamos retomar a regularidade de nossas atividades através uma programação equilibrada e segura que promova a reconstrução de um projeto de vida saudável. Isto embora seja um iniciativa do cidadão, naturalmente sua concretização não depende exclusivamente  dele,  é preciso que os governantes  tenham a exata consciência deste  estado de coisas para que possam propiciar a sociedade a retomada de sua vida normal, com a implementação de um sistema de serviços adequado  ao atendimento  de suas  demandas ,  através da  ampliação e melhoria do sistema de   assistência médica  regular e  a recuperação do sequelados da COVID-19, de  um programa eficiente de assistência social para  apoio aos que ficaram totalmente desamparados economicamente  e impossibilitados de trabalhar por limitações físicas e sobretudo a manutenção do sistema preventivo de saúde que que evite novas ondas de contaminação por novas cepas do coronavirus de forma tão agressiva e danosa como tem ocorrido nestes   últimos tempos. Até a próxima!

 

 

                            Dr. Luiz Hermínio