segunda-feira, 22 de junho de 2020



                                                                            O Estresse 


                Parte 1






3.1 - introdução 

Queremos inicialmente dizer, que estamos convictos de que aqueles que tiveram oportunidade de ler os textos anteriores sobre imunidade, confirmarão agora que valeu a pena o estudo um pouco mais detalhado sobre os mecanismos desse processo, pois entenderão com facilidade o esquema/resumo do que foi descrito nestas postagens e apresentado a seguir


Fizemos esta revisão para destacar o papel do sistema nervoso e endócrino na regulação da imunidade, pela sua importância no mecanismo de reação do organismo ao estresse. Nesta perspectiva queremos adiantar que o Hipotálamo, estrutura integrante do sistema nervoso (sistema límbico) é o responsável pela ponte com o sistema endócrino (sistema glandular) através da Hipófise (glândula mestra desse sistema), constituindo eixos de comunicação com as demais glândulas. Dentre estes eixos, destacamos aqui o que envolve a glândula a Adrenal (suprarrenal) pela sua importância no processo do estresse. Nesta situação funcional, o eixo responsável por esta comunicação neuro-hormonal se chama Eixo hipotálamo-Hipofisario- Adrenal (EHHA). Com esta introdução, estimamos que todos estejam preparados para entender os efeitos do estresse sobe a imunidade que apresentaremos a seguir.
     
3.2 – Conceito e mecanismos funcionais
           Atualmente, além da pandemia causada pelo coronavírus vivenciamos outra pandemia, a do Estresse, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um tipo de reação que afeta mais de 90% da população do mundo mesmo fora de crises de grande tensão emocional, como a que estamos vivenciando agora. Portanto, o controle do estresse neste momento de pandemia viral é tão importante quanto a adoção de medidas de contenção e tratamento da COVID-19. Sendo perfeitamente compreensível e defensável que o esgotamento emocional gerado pelo estado de estresse prolongado seja tão perigoso para um desfecho fatal da enfermidade quanto a ação patogênica do vírus.  Por isso achamos por bem explorar esse tema, procurando esclarecer os mecanismos pelos os quais o estresse influencia em nossa energia vital e consequentemente sobre o funcionamento de nosso corpo e em especial sobre o nosso sistema imunitário.
O estresse é uma reação fisiológica do organismo a determinados agentes que ameaçam a sua integridade estrutural ou funcional e prepara o organismo para enfrentá-los. Estes agentes são denominados de estressores  e podem ser classificados em físicos, psicológicos, ou patológicos. Os físicos, compreendem lesões da estrutura física do corpo por situação traumática ou por atividades físicas extenuantes. Os psicológicos, estão associados a tensão emocional comumente associada a situações ameaçadoras, geradores de pressão ou inseguranças, onde o medo se destaca como um dos mais frequentes. Os patológicos, são aqueles relacionados as agressões por microrganismos, sejam eles bactérias, fungos, vírus ou parasitas
Cada pessoa tem uma predisposição especifica na reação ao stress. Portanto cada um reage à sua maneira, tem o seu limite próprio para suportar a tensão emocional, representando sua resistência individual. Assim, uma mesma situação estressante pode causar reações diferentes, dependendo das particularidades de cada pessoa, fazendo existir consequentemente grupos de pessoas mais vulneráveis do que outros tanto ao estresse, quanto as suas consequências e por isso são merecedores de uma atenção especial. Esta resistência individual depende das condições de vida de cada um do ponto de vista sócio familiar e da pré-existência de doenças físicas ou psíquicas tais como ansiedade, depressão etc.
O estresse pode ser agudo ou crônico.  O agudo, consiste numa reação imediata e transitória a um agente estressor que cessa rapidamente possibilitando o rápido reestabelecimento do equilíbrio orgânico. No crônico, o agente estressor perdura por um longo tempo podendo levar ao esgotamento físico e mental. O nível de reposta do organismo depende da força do agente estressor e da resistência do organismo agredido.
Independentemente do tipo de estresse, os hormônios liberados nesta situação atuam sobre o sistema nervoso central que liberam neurotransmissores que vão influenciar em vários sistemas orgânicos, dentre os quais destacam-se o sistema imunológico e o sistema endócrino, desencadeando alterações em vários outros setores do organismo, cuja magnitude dos efeitos vai depender da gravidade e do tempo de permanência da situação estressante
Em uma situação estressante, os estressores podem ser detectados internamente por receptores situados internamente em órgãos, células e moléculas sem uma percepção clara pelos órgãos dos sentidos (tato, audição, visão e olfato) como ocorre nas situações que envolvem fatores subjetivos como ansiedade e medo. Nestas situações, a partir dos receptores, são emitidos impulsos nervosos para o sistema nervoso central especificamente para o Hipotálamo que ativa o Sistema Nervoso Autônomo Simpático (SNAS) e o Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) desencadeando as respostas especificas para aquele estressor.
O Sistema Nervoso Autónomo (SNA) tem esse nome porque controla nossas funções vitais sem a interferência da nossa vontade. Possui duas grandes divisões: componente Simpático (SNAS) e o sistema Parassimpático (SNAP) em geral tem ações antagônicas sendo o simpático conhecido como tendo uma ação predominante excitatória e o parassimpático inibitório embora a rigor suas ações especificas dependam de receptores celulares presentes nas estruturas de cada órgão. O neurotransmissor final do sistema simpático é a noradrenalina e do parassimpático a acetilcolina, com algumas especificidades e raras exceções que não cabe aqui comentar. No estado de estresse o desequilíbrio no funcionamento do SNA, produz uma predominância do sistema nervoso simpático com uma repercussão mais evidente no aparelho cardiovascular, gerando dentre outros efeitos taquicardia e aumento da pressão arterial. Porém pelo propósito da nossa abordagem vamos nos concentrar aqui sobre a repercussão dos efeitos das alterações no Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) sobre a imunidade.
O Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) é uma ramificação do eixo principal -   Eixo Hipotálamo-Hipofisário (EHH). Este eixo (EHH) constitui-se uma importante rede de comunicação funcional entre o hipotálamo e hipófise.
 O hipotálamo é uma região sistema nervoso central, que faz a ponte entre do sistema nervoso e o sistema endócrino. É ele quem coordena a atividade da hipófise, por meio de hormônios liberadores que estimulam esta glândula a produzir hormônio específicos de acordo com o agente estimulador
             A hipófise, ou glândula pituitária, é uma pequenina glândula localizada na base do cérebro conhecida como glândula mestre, por secretar hormônios que controlam outras glândulas no organismo dentre as quais destacamos as glândulas suprarrenal, tireoide, testículos e ovários, influenciando em importantes processos tais como gestação parto, lactação, crescimento e função renal.  Depreende-se assim, que o eixo EHH é o principal responsável pela regulação das funções supracitadas, todavia em função dos objetivos do nosso trabalho, como já adiantamos acima, vamos focalizar apenas em uma de suas ramificações o Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) pela importância da atuação da adrenal no estresse

As glândulas adrenais são glândulas situadas no polo superior de cada rim, por isso também denominadas de suprarrenais, tem capacidade para secreção de vários tipos de substâncias: catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina) glicocorticoides (cortisol), mineralocorticoides (aldosterona) e androgênios suprarrenais
Na próxima postagem veremos a atuação das estruturas acima descritas no mecanismo de influência do estresse sobre a imunidade. Até lá.


11 comentários:

  1. É crucial importancia esse conhecinento porque quanto mais stressados ficamos com a preocupação da mente em nao se contamibar, piora o seu sistema imunologico e desequilibra a barreira que vc precisa para lutar e ir de encontro a ele. Precisamos nos harmonizar! Vamos repassar esses textos para que todos entendam isso! Está bem explicado.#dem estresse.

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  2. Excelente texto, introduzindo os atores
    do eixo hipotálamo-hipofise-adrenal critico em situação de estresse. Os leitores vão se familiarizando com os termos e conceitos necessários ao entendimentoo do binômio estresse e sistema imune.

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  3. Dr Luiz Hermínio, estou feliz por estar recebendo seus estudos via seu Blog. Tenho lido atentamente as postagens, procurado assimilar as explicações e aproveitar aquilo que os seus ensinamentos oferecem. Eles nos fazem acreditar no que é científico e a entender o que há de pictórico naquilo que a “mídia” nos passa. Assim, podemos estabelecer o paralelo entre o que real e o que é apenas “catastrófico”. Os temas técnicos abordados em seus escritos nos trazem conhecimento científico através de uma pedagogia que nos permite assimilar as questões com clareza e facilidade. Obrigado

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  4. Obrigado prof. Teles pelo valioso incentivo. Abraços

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  5. Obrigado Prof. Teles pelo valioso incentivo. Grande abraço.

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  6. Excelentes explicações, muito obrigada

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