3.1 - introdução
Queremos inicialmente dizer, que estamos convictos de que aqueles que tiveram oportunidade de ler os textos anteriores sobre imunidade, confirmarão agora que valeu a pena o estudo um pouco mais detalhado sobre os mecanismos desse processo, pois entenderão com facilidade o esquema/resumo do que foi descrito nestas postagens e apresentado a seguir
Fizemos
esta revisão para destacar o papel do sistema
nervoso e endócrino na regulação da imunidade, pela sua importância no
mecanismo de reação do organismo ao estresse. Nesta perspectiva queremos
adiantar que o Hipotálamo, estrutura
integrante do sistema nervoso (sistema límbico) é o responsável pela ponte com
o sistema endócrino (sistema glandular) através da Hipófise (glândula mestra desse sistema), constituindo eixos de
comunicação com as demais glândulas. Dentre estes eixos, destacamos aqui o que
envolve a glândula a Adrenal (suprarrenal)
pela sua importância no processo do estresse. Nesta situação funcional, o eixo
responsável por esta comunicação neuro-hormonal se chama Eixo hipotálamo-Hipofisario- Adrenal (EHHA). Com esta introdução,
estimamos que todos estejam preparados para entender os efeitos do estresse
sobe a imunidade que apresentaremos a seguir.
3.2 – Conceito e mecanismos funcionais
Atualmente, além da pandemia
causada pelo coronavírus vivenciamos outra pandemia, a do Estresse, que segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um tipo de reação que afeta mais de 90% da população do mundo mesmo fora
de crises de grande tensão emocional, como a que estamos vivenciando agora.
Portanto, o controle do estresse neste
momento de pandemia viral é tão importante quanto a adoção de medidas de contenção
e tratamento da COVID-19. Sendo perfeitamente compreensível e defensável que
o esgotamento emocional gerado pelo estado de estresse
prolongado seja tão perigoso para um desfecho fatal da enfermidade quanto a ação
patogênica do vírus. Por isso achamos
por bem explorar esse tema, procurando esclarecer os mecanismos pelos os quais
o estresse influencia em nossa energia
vital e consequentemente sobre o funcionamento de nosso corpo e em especial
sobre o nosso sistema imunitário.
O estresse é uma
reação fisiológica do organismo a determinados agentes que ameaçam a sua
integridade estrutural ou funcional e prepara o organismo para enfrentá-los.
Estes agentes são denominados de estressores
e podem ser classificados em físicos,
psicológicos, ou patológicos. Os físicos,
compreendem lesões da estrutura física do corpo por situação traumática ou por
atividades físicas extenuantes. Os psicológicos,
estão associados a tensão emocional comumente associada a situações ameaçadoras,
geradores de pressão ou inseguranças, onde o medo se destaca como um dos mais frequentes.
Os patológicos, são aqueles
relacionados as agressões por microrganismos, sejam eles bactérias, fungos,
vírus ou parasitas
Cada
pessoa tem uma predisposição especifica
na reação ao stress. Portanto cada um reage à sua maneira, tem o seu limite próprio
para suportar a tensão emocional, representando sua resistência individual. Assim, uma mesma situação estressante pode
causar reações diferentes, dependendo das particularidades de cada pessoa, fazendo
existir consequentemente grupos de pessoas mais vulneráveis do que outros tanto
ao estresse, quanto as suas consequências e por isso são merecedores de uma
atenção especial. Esta resistência individual depende das condições de vida de
cada um do ponto de vista sócio familiar e da pré-existência de doenças físicas
ou psíquicas tais como ansiedade, depressão etc.
O estresse
pode ser agudo ou crônico. O agudo, consiste numa reação imediata e
transitória a um agente estressor que cessa rapidamente possibilitando o rápido
reestabelecimento do equilíbrio orgânico. No crônico, o agente estressor
perdura por um longo tempo podendo levar ao esgotamento físico e mental. O nível de reposta do organismo
depende da força do agente estressor e da resistência do organismo agredido.
Independentemente
do tipo de estresse, os hormônios liberados nesta situação atuam sobre o sistema nervoso central que liberam
neurotransmissores que vão influenciar em vários sistemas orgânicos, dentre os
quais destacam-se o sistema imunológico
e o sistema endócrino, desencadeando alterações em vários outros setores do
organismo, cuja magnitude dos efeitos vai depender da gravidade e do tempo de
permanência da situação estressante
Em uma
situação estressante, os estressores podem ser detectados internamente por
receptores situados internamente em órgãos, células e moléculas sem uma percepção clara pelos órgãos dos sentidos
(tato, audição, visão e olfato) como ocorre nas situações que envolvem fatores
subjetivos como ansiedade e medo. Nestas situações, a partir dos receptores,
são emitidos impulsos nervosos para o sistema nervoso central especificamente
para o Hipotálamo que ativa o Sistema Nervoso Autônomo Simpático
(SNAS) e o Eixo
Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) desencadeando as respostas especificas para
aquele estressor.
O Sistema Nervoso Autónomo (SNA)
tem esse nome porque controla nossas funções vitais sem a interferência da
nossa vontade. Possui duas grandes divisões: componente Simpático (SNAS) e o sistema Parassimpático
(SNAP) em geral tem ações antagônicas sendo o simpático conhecido como tendo
uma ação predominante excitatória e o parassimpático inibitório embora a rigor
suas ações especificas dependam de receptores celulares presentes nas
estruturas de cada órgão. O neurotransmissor final do sistema simpático é a noradrenalina e do parassimpático a acetilcolina, com algumas
especificidades e raras exceções que não cabe aqui comentar. No estado de
estresse o desequilíbrio no funcionamento do SNA, produz uma predominância do
sistema nervoso simpático com uma repercussão mais evidente no aparelho cardiovascular, gerando dentre
outros efeitos taquicardia e aumento da pressão arterial. Porém pelo propósito
da nossa abordagem vamos nos concentrar aqui sobre a repercussão dos efeitos
das alterações no Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) sobre a imunidade.
O Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) é uma ramificação do eixo
principal - Eixo Hipotálamo-Hipofisário (EHH). Este eixo (EHH) constitui-se uma importante rede de comunicação funcional entre
o hipotálamo e hipófise.
O
hipotálamo é uma região sistema nervoso central, que faz a ponte entre do
sistema nervoso e o sistema endócrino. É ele quem coordena a atividade da
hipófise, por meio de hormônios liberadores
que estimulam esta glândula a produzir hormônio específicos de acordo com o
agente estimulador
A hipófise, ou glândula pituitária, é uma pequenina glândula localizada
na base do cérebro conhecida como glândula
mestre, por secretar hormônios que controlam outras glândulas no organismo dentre
as quais destacamos as glândulas suprarrenal, tireoide, testículos e ovários, influenciando
em importantes processos tais como gestação parto, lactação, crescimento e
função renal. Depreende-se assim, que o
eixo EHH é o principal responsável pela
regulação das funções supracitadas, todavia em função dos objetivos do nosso
trabalho, como já adiantamos acima, vamos focalizar apenas em uma de suas ramificações
o Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (EHHA) pela importância da atuação da adrenal no estresse
As glândulas adrenais são
glândulas situadas no polo superior de cada rim, por isso também denominadas de
suprarrenais, tem capacidade para secreção de vários tipos de substâncias: catecolaminas (adrenalina,
noradrenalina e dopamina) glicocorticoides
(cortisol), mineralocorticoides
(aldosterona) e androgênios suprarrenais
Na
próxima postagem veremos a atuação das estruturas acima descritas no mecanismo
de influência do estresse sobre a imunidade. Até lá.
Bom texto. Bem didático.
ResponderExcluirObrigado Fátima bjs
ExcluirÉ crucial importancia esse conhecinento porque quanto mais stressados ficamos com a preocupação da mente em nao se contamibar, piora o seu sistema imunologico e desequilibra a barreira que vc precisa para lutar e ir de encontro a ele. Precisamos nos harmonizar! Vamos repassar esses textos para que todos entendam isso! Está bem explicado.#dem estresse.
ResponderExcluirObrigado Aldete. Um afetuoso abraço
Excluir#sem estresse.
ResponderExcluirExcelente texto, introduzindo os atores
ResponderExcluirdo eixo hipotálamo-hipofise-adrenal critico em situação de estresse. Os leitores vão se familiarizando com os termos e conceitos necessários ao entendimentoo do binômio estresse e sistema imune.
Perfeita análise. Obrigado Herminio
ResponderExcluirDr Luiz Hermínio, estou feliz por estar recebendo seus estudos via seu Blog. Tenho lido atentamente as postagens, procurado assimilar as explicações e aproveitar aquilo que os seus ensinamentos oferecem. Eles nos fazem acreditar no que é científico e a entender o que há de pictórico naquilo que a “mídia” nos passa. Assim, podemos estabelecer o paralelo entre o que real e o que é apenas “catastrófico”. Os temas técnicos abordados em seus escritos nos trazem conhecimento científico através de uma pedagogia que nos permite assimilar as questões com clareza e facilidade. Obrigado
ResponderExcluirObrigado prof. Teles pelo valioso incentivo. Abraços
ResponderExcluirObrigado Prof. Teles pelo valioso incentivo. Grande abraço.
ResponderExcluirExcelentes explicações, muito obrigada
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