A
Mídia e os Impactos Emocionais na População
Indiscutivelmente
vivemos uma grave crise mundial na área da saúde pública, sem precedentes comparáveis
na história, em decorrência da propagação em alta escala da COVID -19. É
flagrante também as limitações do poder público em todo o mundo para conter a
atual crise. Apesar dos grandes avanços científicos ocorridos na área da saúde,
tem se tornado cada vez mais evidente a falta de infraestrutura necessária para dar suporte
as ações preconizadas pelos cientistas. Não obstante os avanços da ciência
supra referidos a maior parte da população mundial vive às margens dos benefícios
que eles são capazes de proporcionar, sem contar que um contingente significativo
dessas pessoas vive ainda na fronteira entre a ignorância total e o pouco
desenvolvimento intelectual.
Diante
deste cenário, não se pode negar, por nenhuma hipótese, a importância da grande
mídia na veiculação de informações educativas, orientadoras da população no
tocante aos procedimentos, que devem aprender a adotar, para se protegerem dos riscos
da contaminação pelo coronoavirus . Mas o que se espera de uma mídia madura, consciente
do seu verdadeiro papel social é uma atuação equilibrada, isenta de
sensacionalismo e que evite a divulgação de informações contraditórias sobre um
mesmo tema, a partir de fontes de informações de base científica contestada por
respeitáveis autoridades daquela área especifica de conhecimento.
Por
outro lado, acompanhamos diariamente nos noticiários, a exploração destacada da
doença, das mortes e do caos mundial, que tanta audiência tem proporcionado aos
meios de comunicação, principalmente num momento como esse, em que grande
parcela da população brasileira está recolhida em seus lares, com bastante tempo
disponível para acompanhar a programação televisiva. Além do que, esses meios de comunicação têm necessidade
de desenvolver estratégia competente para o enfrentamento da crise, em função
da grave recessão econômica que estamos vivendo. Nesta perspectiva, o quadro de
pessoal das empresas foi reduzido, as programações foram cortadas e o espaço do
telejornalismo foi excessivamente aumentado, carecendo, portanto, de esforços
impactantes para manter suas audiências em níveis que lhes assegurem a
rentabilidade econômica almejada. Mas este cenário difícil não justifica a atual
linha editorial de determinados telejornais que priorizam a exploração do caos
mundial produzido pela corona vírus, mesclado com pitadas de exemplos de
solidariedade humana, incapazes de reduzir o grande impacto negativo gerado
pelo conjunto das notícias veiculadas naquele noticiário.
Se
prestarmos atenção ao noticiário desde 26/02/20, quando o Ministério da Saúde
confirmou o primeiro caso de coronavírus em nosso País, perceberemos que o seu enredo
é praticamente mesmo, mudando alguns personagens. Permanece o mesmo destaque ao número de vítimas
e aos traumas causados pela Covid-19, mesclado com informações educativas alinhadas
com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde. No entanto é mister ressaltar,
que nos últimos dias a mídia nacional, tem dado uma ênfase as medidas
governamentais adotadas para diminuir os impactos da recessão econômica sobre
as empresas e trabalhadores, veiculando de forma pedagógica informações preciosas,
para que as pessoas possam usufruir dos seus direitos. Mas o tom do noticiário
continua o mesmo, confuso e contraditório gerando polêmicas descabidas entre autoridades
da área política, econômica e científica confundindo a cabeça da população e
desgastando pessoas que desempenham importantes papéis para superação da atual
crise.
Neste sentido é suficiente relembrar do que
ocorreu dias atrás quando de forma correta e equilibrada o Ministro da
Saúde Luiz Henrique Mandetta falou em
sua entrevista habitual de que o Ministério estava estudando a definição de
critérios para o retorno gradual de atividades em determinadas regiões do Brasil, naturalmente aquelas que se
enquadrassem nos parâmetros estabelecidos pelo Ministério , nada mais obvio e
racional em termos de estratégia de planejamento, se organizar para o
abrandamento das medidas restritivas à
mobilização social nas regiões
que estivessem fora da faixa de risco de
acordo com os critérios definidos pelo Ministério.
Não
sei se todos estão lembrados da polêmica que o noticiário consegui fomentar
sobre essa declaração do Ministro da Saúde. Ocorre que no dia seguinte, em nova
entrevista o Ministro Mandetta destacou
que em cerca de 86% dos municípios
brasileiros não havia sido detectado um único caso de pessoas infectadas pelo
coronavirus, portanto era legitimo que estes municípios pudessem estudar, em
sintonia com as diretrizes propostas pelo Ministério da Saúde, o abrandamento das medidas de restrição a
circulação social, no que foi corroborado
pelo governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel ao admitir que estas cidades, em que até agora
não havia se detectado nenhum caso da doença covid19 , pudessem abrandar as
medias restritivas desde que mantivessem fechadas as suas fronteiras. Estas
duas informações alentadoras e bem fundamentadas não mereceram o devido destaque,
permanecendo a ênfase a ideia fixa de que o correto seria o isolamento social
indistintamente para todo o território nacional, mantendo todos sobre estresse permanente
em decorrência de uma crise sem nenhuma
perspectiva de término.
Em
sintonia com nossa linha de raciocínio, está o fato de que hoje, quinta-feira
santa, vimos a pouca importância dada pelo noticiário nacional ao significado
da Semana Santa, sem dar o devido destaque as celebrações que estavam ocorrendo
no mundo todo, a exemplo da que aconteceu na tarde de hoje, quando o Papa
Francisco presidiu a Missa da Ceia do Senhor na Basílica de São Pedro sem a
presença de fiéis. Esta é uma falha grave, principalmente se consideramos se
tratar da principal celebração do ano litúrgico cristão e da grande dimensão
da comunidade cristã que celebra a
pascoa em nosso Pais . Por outro lado, mereceu destaque a entrega de ovos de
páscoa pelo processo delivery, enfatizando a sua importância nesta fase de
isolamento social, ilustrando o procedimento com emocionante reportagem, mas
totalmente na contramão das medidas de
proteção veiculadas exaustivamente pela emissora durante esse período do coronavirus
em nosso País. Ou seja, aquele presentinho de páscoa, se não devidamente submetido aos rigorosos cuidados de assepsia, poderiam
se constituir perigosos vetores de
propagação da enfermidade para as pessoas, sobretudo aquelas que estão internas
em casa de saúde . O noticiário em nada se reportou a estes cuidados,
preocupando-se tão somente em explorar o lado romântico, decorrente da
felicidade da pessoa que se encontrava em isolamento ao ser presenteada com o ovo de pascoa. Assim fica difícil
acreditar nos verdadeiros propósitos deste tipo de mídia.
Não
podemos desconhecer, muito menos desprezar que a doença do Coronavírus traz impactos
negativos ameaçadores não só para a integridade física das pessoas, mas também para
sua saúde mental e emocional. Infelizmente a enxurrada de notícias controversas,
a maioria alarmantes e a sensação de impotência no controle da pandemia tem
feito com que as pessoas se sintam inseguras com relação aos dias futuros. Este
medo e ansiedade nos fragiliza e contribui ainda mais para o agravamento dessa atmosfera
de sofrimento e insegurança e em nada contribui para superação da atual crise
Por fim,
se refletíssemos de forma sensata que, apesar do atraso no início das medidas
preventivas em nosso Pais, o Ministro Mandetta tem demostrado competência, segurança
e comprometimento com a causa de combate ao coronavirus e que os Governos Estaduais
em sua maioria estão adotando medidas racionais em busca da proteção da população.
Se estivermos convictos de que estamos seguindo as recomendações da OMS no tocante
a higiene corporal e distanciamento social e se fôssemos abastecidos apenas de informações
corretas pelos meios de comunicação, poderíamos com certeza enfrentar esta dura
realidade de uma maneira mais tranquila, sem pânico e sem
desespero.
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Excelente texto,considerações pertinentes a tudo e estamos vivendo!Obrigada por partilhar sey saber conosco!
ResponderExcluirexcelente texto.vou compartilhar.muito esclarecedor
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ExcluirObrigado. Que bom que estamos em sintonia. Abracos
ExcluirEu que agradeço pela importância que você deu a nossa mensagem. Grande abraço
ExcluirDesculpe o atraso na comunicação. Eu que agradeço a atenção dispensada a minha postagem. Abracos
ExcluirMuito bom texto. Lamentável a ignorância das pessoas que não conseguem entender que simplesmente cuidar da higiene pessoal e respeitar o distanciamento evitaria tantas tristezas
ResponderExcluirObrigado. Sua avaliação é muito importante para mim. Grande abraço
ExcluirRealmente! Escutamos vários infectologistas, sendo cada com divulgações diferentes. Os repórteres com notícias repetitivas de sofrimento.
ResponderExcluirAs repetições nos inquieta. O medo surge, a insônia acontece e acabamos ficando doente antes desse vírus.
Gostei muito do texto. E pura realidade,
Obrigado. Fico feliz pela sintonia. A mídia tinha que ter mais respeito ao público e checar a procedência das informações. Grande abraço
ExcluirReflexão muito pertinente, concordo plenamente. Precisamos da verdade aqui no Brasil e tambem regionalizar para podermos nos situar.
ResponderExcluirObrigado Aldete. Muito importante o seu comentário. Abracos
ExcluirPerfeita reflexão, texto profundo, contundente, preciso!
ResponderExcluirObrigado. É muito gratificante quando somos compreendidos pela essência do que publicamos . Grande abraço
ExcluirAnalise perfeita, profunda,criteriosa e abrangente da conjuntura atual.
ResponderExcluirA crítica à mídia um primor! Pertinente,lúcida, não dando margem à contradição. Só sinto que será inócua, se chegar ao alvo, porque esse é o real objetivo: gerar o caos, intranquilidade, pânico, conflitos, desviando os seres de seus corações, fonte real de poder e imunidade contra manipulações.
Parabéns pelo texto, ao nível de Rui Barbosa.
Obrigado pelo generoso elogio. Fico feliz pela sintonia. Abracos
ExcluirSeu olhar sempre atento a tudo que ocorre e como vai repercutir não somente politica e economicamente, mas e sobretudo no ser humano, nos traz uma análise perfeita de como estamos diuturnamente bombardeados por uma mídia que incita as divergências e que supervaloriza as desgraças em detrimento de realçar o que há de belo na vida. Num momento gravíssimo como vive o mundo seria oportuna a somação de esforços. Seria o momento das divergências e disputas serem deixadas de lado em prol de grandes soluções que amenizassem essa crise. Estou tão desconfortável com esta maneira de fazer política e jornalismo que visando o meu equilíbrio emocional, como você bem preconiza em seu artigo, conscientemente estou procurando me abster de ver muitos noticiários.Obrigado por suas considerações que muito nos ajudam a superar esta crise.
ResponderExcluirObrigado Antônia Roza pelo criterioso comentário. Abracos
ResponderExcluirA mensagem mostra de forma clara,a importancia e a responsabilidade que a mídia tem em transmitir a população,a notícia, respeitando o sagrado princípio da verdade!
ResponderExcluirParabéns pelo excelente texto!
Muito boa
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