O Núcleo de Deus no Cérebro Humano
Este
episódio me fez reforçar a convicção de que “um núcleo de Deus” presente no cérebro da paciente fora estimulado
com aquelas orações e produziu aquele surpreendente resultado. Nesta
perspectiva, como professor aposentado de Fisiologia Humana da Universidade
Federal de Sergipe, não hesito em afirmar que estou defendendo um ponto de vista
cientificamente sustentável. Senão vejamos:
é conhecimento cientificamente consolidado que nosso cérebro tem áreas
sensoriais especializadas na identificação de determinados estímulos
específicos tais como audição, gustação, visão, olfação cujo nome tem a ver com
as funções especificas que realizam. Portanto nada mais razoável admitir que um
núcleo cerebral que é sensível a uma mensagem espiritual seja considerado e
denominado um “Núcleo Espiritual” ou “Núcleo de Deus” como tem sido divulgado
em algumas publicações cientificas. Aliás este entendimento, de que há uma área
cerebral que reúne um conjunto complexos de sinapses cerebrais especialmente
sensíveis aos estímulos relacionados à espiritualidade tem sido cientificamente
comprovado por exames de imagem conforme demonstrado por pesquisadores
da Faculdade de Medicina da Universidade de Utah, nos Estados Unidos,
coordenados pelo neuroradiologista Jeff Anderson (1). Eles, realizaram um
experimento com 19 jovens e adultos que seguiam a
religião Mórmon. Nesse período, seus cérebros foram escaneados usando
um equipamento de ressonância magnética. Os resultado dos exames
revelaram que os sentimentos espirituais ativaram o “Núcleo Accumbens”, região responsável pelo processamento dos
circuitos de recompensa e que também era ativada por outras experiências como
amor, a música e sexo. E também constataram que: “Quando
os participantes foram instruídos a pensar sobre um ‘Salvador’, sobre estar com
suas famílias eternamente, sobre recompensas celestes, os seus cérebros e
corpos responderam fisicamente” (Michael Ferguson, coautor do estudo.)
Portanto,
a questão principal em discussão na atualidade é se este núcleo seria uma
criação da mente humana ou se nascemos com ele como um desígnio do criador. Ou
seja, se o criador nos haveria distinguido das demais espécies nos concebendo
com um núcleo cerebral capaz de sentir a nossa ligação espiritual com Ele. Neste
campo de reflexão destacam-se duas correntes de pensamento. Uma defendida pelos
espiritualistas e outra pelos materialistas. O ponto crucial de conflito destas duas correntes
está relacionado a compreensão se a mente seria produto do cérebro por
conseguinte de sua bioquímica ou a mente seria algo imaterial que transcende os
limites do cérebro e que teria alcance inimagináveis.
Para
os que acreditam que a mente é produto de reações químicas cerebrais, o
instigante fato relatado acima seria resultado de um processo de
desenvolvimento da fé, trabalhada ao longo da vida pela nossa estimada amiga.
Com certeza, neste caso eu poderia confirmar que este processo realmente existiu.
Trata-se de uma pessoa que sempre buscou em Deus a força para superar suas
adversidades. E este núcleo repetidamente exercitado na caminhada da vida
produziu naquele momento a resposta compatível com a fé em Deus que sempre
nutriu ao longo da sua existência. Mas a questão mais importante que não pode
ser desprezada é se este núcleo já existia dentro dela e foi desenvolvido com o
exercício da fé em Deus ou se ele foi gerado a partir da pratica espiritual
frequente. Para investigarmos esta questão torna-se necessário avançarmos além
dos limites da neurofisiologia e fazermos uma
incursão na história de nossos antepassados, sua origem e sua evolução.
Nesta
senda, ao nos debruçamos sobre a história de escravizados, indígenas e diversos
povos que cronologicamente nos antecederam vemos que muitas vezes estas
populações são avaliadas de forma preconceituosa e são estigmatizados como
primitivos, culturalmente inferiores e até selvagens. Porem se nos despojarmos
do olhar colonialista, veremos que todos esses povos originários tinham rituais
e práticas espirituais elevadas e relações estreitas com suas divindades.
Portanto a história isenta de preconceito nos revela que precedendo a
civilização, o homem primitivo acreditava na existência de uma dimensão que
transcendia os limites do mundo material e que alimentaram suas crenças, mitos,
cultos e deuses.
Por
outro lado, ao aportarmos a essa discussão a teoria da evolução das espécies (Charles
Darwin) vamos nos defrontar com uma
questão polêmica envolvendo a ciência e a religião, pois segundo esta teoria é
o ambiente, por meio de seleção natural, que determina a característica do
indivíduo que o tornaria mais bem adaptado ao local em que vivia e portanto com maiores chances de
sobrevivência se contrapondo portanto aos ensinamento bíblicos, segundo os
quais o homem, assim como tudo o que existe no Universo, é criação de um ser
superior e segue os seus desígnios.
Para os espiritualistas o “Homo Sapiens Sapiens”, dominou todas as
outras classes por uma inteligência especial, ilimitada, que lhe dá a
consciência do seu futuro, a percepção das coisas imateriais e o conhecimento
de Deus. Ou
seja a natureza espiritual do homem
exerceu predomínio sobre sua natureza
material capacitando-o a vencer os desafios para sua sobrevivência e
experimentar em sua consciência a sensação
da perenidade. Esta linha de raciocínio nos permite defender a idea de que
o surgimento do núcleo da espiritualidade na espécie humana possa ter se
constituído no marco mais importante da evolução da nossa espécie extrapolando
as suas características biológicas adaptativas. Esta característica surgida num determinado momento da nossa cadeia
evolutiva nos distinguiu de todos as outras criaturas ao possibilitar a
interação criatura/criador através de processos espirituais como a oração.
Sem sombra de dúvidas esta capacidade amplia a possiblidade de superar desafios
e encontrarmos soluções em situações que parecem intransponíveis, por nos permitir
acessar forças que transcendem os limites do mundo material .
Pelo
exposto, creio que nascemos trazendo uma caraterística única entre todas as
espécies, uma área cerebral sensível a estímulos espirituais, que possibilita
fazermos uma ponte com o mundo imaterial. Esta capacidade ao nosso ver é o
nosso potencial divino, que poderá ser desenvolvido ou não pela prática
espiritual. Lamentavelmente, pelas amarras do mundo material, ao invés de
aprendermos a desenvolvê-la, aprendemos a bloqueá-la. Mas, com certeza esta qualidade faz parte da
nossa essência e felizes aqueles que num momento de aflição, conseguem fazer
uma ponte com Deus, acessando forças poderosas que transcendem o nosso
conhecimento e são capazes de produzir resultados que a ciência muitas vezes
não consegue explicar.
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(1)Religious
Experiences Activate Same Brain Pathways As Sex And Drugs -
https://www.iflscience.com - published November 29, 2016