quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

 Reflexões sobre Deus - Parte 3: Deus e a ciência

 

                                                                             Introdução

Na primeira postagem descrevemos situações em que conseguíamos ver Deus na catástrofe causada pela pandemia. Na segunda postagem expressamos nosso entendimento de porque Deus não havia ainda debelado a pandemia. Estas duas postagens são consoantes com a crença na existência de Deus, agora vamos sintetizar o que diz a ciência a esse respeito.


Deus e a ciência

 A harmonia evidenciada pelas leis da natureza aponta na direção da existência de uma superinteligência que não só criou mais gerencia sua criação de forma a mantê-la em permanente equilíbrio. Cientistas tanto ateus, quanto agnósticos e também céticos têm dito que parece existir um fator que ajusta as condições do universo para que eles se apresentem da forma tal como o conhecemos. Alguns identificam uma consciência planejadora, outros falam num designer superinteligente outros veem o universo autoconsciente, o certo é que estas descobertas convergem todas para a presença de uma inteligência organizadora do universo. Alguns acreditam que esta inteligência é Deus outros não. O fato é que esta questão é muito complexa para ser devidamente esclarecida nesta postagem, por isso optamos por apresentar uma síntese dos conhecimentos adquiridos na leitura do livro Mostre - me Deus de autoria do Jornalista científico Fred Heeren, publicado no Brasil pela Clio Editora  (Copyright 2008).

Um aspecto curioso que nos despertou a atenção para a leitura deste livro, além do seu título provocador, foi o fato deste jornalista se identificar claramente como um cético interessado em investigar a existência de Deus a partir de dados da ciência e da história. Neste sentido é mister destacar as palavras do escritor na introdução do livro em apreço (nota do autor): “...eu particularmente acho muito difícil acreditar em alguma coisa que eu não possa ver ouvir cheirar ou tropeçar nela “.  E revela também um seu grande dilema - apesar de não acreditar em milagres pelos estudos até aqui realizados   o universo é aparentemente um indescritível grande milagre”. Acreditamos que esta postura do autor deve estimular a todos conhecerem as conclusões de sua obra.

Para executar esta missão Fred Heeren se dedicou durante 7 anos a entrevistar cientistas, astrônomos, vencedores de prêmio Nobel chefes de equipe da NASA e físicos teóricos como Stephen Hawking. Este livro explora especialmente o momento inicial de criação do universo para onde os questionamentos da ciência e da religião confluem, o Big Bang - a teoria predominante na ciência moderna sobre a origem do nosso universo

Os cosmólogos usam o termo "Big Bang" para se referirem à ideia de que o universo fora originalmente um minúsculo ponto, muito quente e denso   que num dado momento a partir de   uma explosão começou a se expandir e resfriar até atualidade. Esta teoria é sustentada por explicações mais completas e precisas a partir de evidências e observações científicas disponíveis conforme argumenta Fred  Heeren  em seu livro :

’ o consenso da comunidade cientifica moderna é que o universo teve um começo, um evento de criação, como os cientistas se referem. Três linhas a amplas de evidência tornam essa conclusão praticamente irrefutável: as leis da termodinâmica, a teoria da relatividade geral de Einstein e as observações da astronomia.”

Segundo Fred Heeren  o modelo cosmológico padrão da ciência moderna para descrever o evento de criação (Big  Bang ) se harmoniza com a descrição da Gênesis na Bíblia. O autor faz apenas a ressalva que “ o relato da criação de Genesis pode ter tido um dia solar em mente ou usado o dia solar como uma ilustração para descrever os estágios da criação” Acrescenta o autor: “quanto mais descobrimos sobre como o universo funciona, mais entendemos que as leis do nosso universo são ajustadas dentro de parâmetros muitos restritos e muito críticos. Sem uma combinação de coincidências extraordinárias possíveis, seria impossível obter um universo capaz de sustentar a vida inteligente. Até mesmo físicos descrentes passaram a concordar com a declaração bíblica de que nosso universo foi muito precisamente preparado para nós, ...”

Atualmente é consenso na ciência moderna que o universo teve um começo e que toda causa deve ser independente do seu efeito, portanto a causa inicial do universo deve ser separada dele e não parte dele. Ou seja, se admitirmos que a inteligência organizadora do universo é Deus, Este deveria existir além do espaço e do tempo.

Alguns cientistas defendem que a harmonia das leis expressas na perfeição da natureza aponta para existência de um superinteligência que atuaria com propósitos para a sua criação. O reconhecimento de uma inteligência com proposito e de um modelo funcional criterioso para o universo sugerem fortemente a existência de um Deus consciente que atua como uma pessoa dotada de uma superinteligência e não simplesmente uma entidade energética inconsciente e desprovida de propósitos e sentimentos. Esta linha de raciocínio é harmônica com a citação bíblica de que somos feitos a imagem e semelhança de Deus, fazendo sentido a interpretação dos que defendem a personificação de Deus como um ser com estado de consciência incomensuravelmente maior   que a consciência humana.  Esta interpretação é decisiva para aqueles que   acreditam na religião como um instrumento de ligação a Deus e assegura o poder das as orações como forma de interação entre criatura e criador, capaz de mudar realidades de tal forma surpreendentes que somos incapazes de compreender o mecanismo da sua transformação.

         Se você leu esta série de postagens até o fim, independente da sua crença na existência ou não de Deus, esta atitude é uma prova inconteste do seu interesse em desvendar um tema de caráter espiritual. E esta é uma das características fundamentais que nos distingue das demais espécies do nosso planeta - é um potencial inato dos seres humanos, muito embora alguns não o desenvolva.  Esta caraterística talvez explique porque não há nenhuma nação da terra que não pratique alguma forma de crença espiritual. Isto nos leva a reflexão sobre o porquê só os humanos desenvolvem o interesse pela espiritualidade. Será que isto tem a ver com a nossa origem biológica ou existiria alguma raiz espiritual na matriz psicofísica formadora do nosso ser? Para os que acreditam na Bíblia fica fácil compreender o significado da mensagem lá expressa de que fomos feitos a imagem e semelhança de Deus. Já aqueles que não tem a mesma crença seria interessante procurar estudar os motivos desta especial particularidade do ser humano para compreender melhor nossas origens.

Independente de acreditar na existência de Deus, acreditar que o mundo foi criado por uma inteligência organizadora e tentar entrar em sintonia com essa inteligência é seguir o exemplo de uma planta que, fiel ao plano de sua semente, se desenvolve saudavelmente no seu habitat natural, expressando através dos seus frutos o seu potencial divino, contribuindo para ao equilíbrio universo e bem-estar da humanidade

 

Dr. Luiz Hermínio

 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

 Reflexões sobre Deus – Parte 2:  Deus e o livre arbítrio

 

Esta postagem   dá sequência às nossas reflexões sobre Deus, iniciadas com a publicação “Deus e a Pandemia” onde externamos nossa crença na presença de Deus em várias situações relacionadas a esta catástrofe mundial e concluímos com uma provocação ao leitor - se Deus está presente nestas situações porque não acaba de vez com esta calamidade? E adiantamos, que ao nosso ver, o melhor caminho para a compreensão do papel de Deus nas situações do mundo em que afloram o bem ou o mal seria procurar entender a questão do livre arbítrio, como vamos tentar esclarecer agora.                    

Livre arbítrio significa expressão da vontade, permitindo que o ser humano faça livremente suas escolhas. Neste sentindo devemos observar que o que determina a ação não é a obediência aos os princípios morais ou legais, mas sim a vontade do indivíduo. Ou seja, se uma pessoa decide agir, transgredindo estes princípios, o faz exercendo a sua liberdade de escolhas e, portanto, deverá arcar com suas consequências, que pode inclusive ser a perda dessa liberdade, como por exemplo no caso de infringir leis que regulam o funcionamento social

A existência do livre-arbítrio tem sido uma questão central nas religiões, significando neste contexto, a expressão da vontade de Deus em permitir ao homem fazer livremente suas escolhas, ou seja, o Deus onipotente não impõe seu poder sobre a vontade individual. Portanto, sob este ponto de vista, nossa vida não é controlada por Deus ou pelo destino, mas pelo exercício do livre arbítrio em consequência das nossas próprias escolhas mesmo que estas contrariem as leis de Deus.

 Esta decisão de Deus nos distingue dos demais animais que agem apenas por instinto e está em plena concordância com a citação bíblica de que “Deus criou o homem a sua imagem e semelhança”. Assim, nós seriamos um espelho em miniatura do criador e se Deus tem o poder de decisão, nós também deveríamos ter esse poder para podermos tentar imitá-lo e evoluirmos espiritualmente. Ou seja, o criador ao nos permitir o exercício do livre arbítrio nos dá oportunidade de aprimorarmos nossas qualidades espirituais e assim contribuirmos para um futuro melhor não só nosso, mais da humanidade. Mas por outo lado está liberdade nos possibilita agir também contra os seus mandamentos e praticarmos o mal.

Portanto para que o Criador nos impedisse de praticar o mal teria que cassar a concessão do livre arbítrio, cometendo pelo menos duas grandes incongruências: a primeira delas seria valer-se da sua onipotência para desrespeitar suas próprias leis, o que causaria o caos do universo; a segunda é que o ser humano sem o livre arbítrio atuaria como uma máquina, de forma automática, e, portanto, não poderia ser responsabilizado por seus atos. Estas duas consequências desqualificaria o plano divino de ajuste das condições ideais de sobrevivência no universo e impossibilitaria a nossa evolução espiritual tornando esta postura inadmissível para um Deus que se crer ser uma superinteligência cuidadosa com universo e todas suas criaturas.

Nesta perspectiva vemos,   a pandemia / COVID 19  muito  mais do que uma crise sanitária provocada por uma infecção viral em larga escala, ela é sobretudo consequência  das escolhas equivocadas de líderes governamentais no plano político e socioeconômico; da falta de prioridade para saúde , educação e ciência; da ineficácia do sistema de vigilância epidemiológica; da fragilização dos sistemas públicos de saúde os tronando menos eficientes no enfrentamento da pandemia e portanto  incapazes de salvar um maior número maior de vítimas da COVID-19,  além de  expor  os  profissionais de saúde a riscos maiores de  adoecimento e morte; é fruto da usura   dos agentes financeiros e da ganância dos grandes detentores do capital mundial causadores das desigualdades sociais responsáveis pela da fome e pela miséria. É sobretudo fruto da ignorância que os fazem praticar ações que podem causar prejuízos tanto ao próximo, quanto a si mesmos como esta pandemia está demonstrando de forma contundente, afetando indistintamente pobres e ricos.

Assim segundo esta concepção, para uma ação eficaz para erradicar a pandemia, além das medidas técnicas embasadas cientificamente torna-se imprescindível a elevação da consciência espiritual dos governantes   e governados no sentido de fazer as escolhas corretas das estratégias e prioridades a serem adotadas nas políticas públicas

Pelo exposto, depreende-se que para debelar esta crise e evitar que novas a sucedam, temos de aprimorar nossas escolhas que deveriam ser fundamentadas na ciência e inspiradas nos valores espirituais que trazemos em nossa centelha de luz divina. Se o poder político levasse em consideração esses valores com certeza não teríamos uma pandemia com dimensão que estamos vivenciando agora e teríamos evitado tantas outras tragédias para a humanidade.

Segundo esta concepção qual seria o papel de deus nesta questão? Deus é a luz que pode iluminar nossos caminhos segundo valores espirituais que contribuiriam para o bem-estar da humanidade. No entanto para isto ocorrer, precisaríamos abrir uma janela na nossa alma para absorção e respeito a estes valores, uma vez que, pelo nosso livre arbítrio podemos ignorá-los.  Portanto para combater não só a Covid-19, mas tanto outros males que afligem a humanidade, além da adoção das medicas técnicas recomendadas pelos cientistas deveríamos nos inspirar nas leis divinas que regem harmonicamente o universo para tomar decisões corretas   voltadas para a nossa evolução espiritual e construção de um mundo melhor.

Na próxima postagem abordaremos o pensamento cientifico sobre a existência de Deus até lá!

Dr. Luiz Hermínio