sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

RESPIRAÇÃO, DA FISIOLOGIA À ESPIRITUALIDADE 

Parte 1 : A fisiologia respiratória

                                                                  Introdução

    O nosso interesse em explorar este tema adveio da convicção que temos de que a respiração é o processo mais objetivo e mais fácil de interagir com Deus   conforme vamos explicar. A respiração é um processo que possui um sistema automático de controle para manter sob equilíbrio as condições essenciais para a preservação da vida. Por outro lado, é também um processo que pode sofrer interferência da nossa vontade alterando as condições estabelecidas pelo controle automático.

Assim, como acreditamos que uma inteligência organizadora é responsável pela criação e gerenciamento de tudo que existe no Universo, deduzimos que esta inteligência está presente em nós, atuando permanentemente pela manutenção do equilíbrio funcional do nosso corpo. Portanto, quando usamos conscientemente nossa respiração para mudar o nosso padrão respiratório estamos interagindo com esta inteligência organizadora suprema. Por isso, para os espiritualistas a respiração é um mecanismo fisiológico que propicia uma interação direta entre criatura e criador, possibilitando transformações no eixo corpo-mente- espirito repercutindo na saúde física, mental e espiritual.

Para o entendimento desta linha de raciocínio torna-se fundamental uma revisão de alguns conhecimentos básicos da fisiologia respiratória para poder compreendermos o alcance da interferência da nossa mente, através processo respiratório, sobre as condições de saúde física,mental e espiritual.

 

Fisiologia da Respiração

 

Do ponto de vista anatômico  o  sistema respiratório pode ser dividido em três seções, a saber; 1) Superior, constituído do nariz e faringe 2) Média que incluem a laringe, a traqueia, os brônquios  3) Inferior  que corresponde os pulmões propriamente ditos, constituídos dos bronquíolos respiratórios e alvéolos.

É nas paredes alveolares, em intimo contato com os capilares pulmonares, onde ocorre o processo de trocas gasosas por difusão. Porém, para a eficácia das trocas gasosas é necessário que haja perfusão sanguínea adequada para área pulmonar através do sistema cardiovascular

O sistema respiratório tem como função principal fornecer oxigênio (O2) aos tecidos para atender as necessidades do metabolismo corporal e eliminar o gás carbônico (CO2) resultante das atividades metabólicas. As funções do sistema respiratório podem ser classificadas em 5 eventos 

1)    Ventilação pulmonar que significa a entrada e saída do ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares

2)    Trocas gasosas em dois níveis:1) entre os alvéolos e os capilares pulmonares  2) entre os capilares sistêmicos e as células teciduais

3)    Transporte de oxigênio para dentro das células e de dióxido de carbono  para fora das mesmas;

4)    Utilização do oxigênio no metabolismo corporal

5)    Regulação da respiração.

Dos eventos acima, daremos atenção nesta publicação apenas ao processo de regulação da respiração por estar mais diretamente vinculado ao propósito do tema aqui abordado.  

Regulação da respiração

A Regulação da respiração tem como objetivo ajustar a atividade respiratória às demandas metabólicas nas diversas situações vivenciadas pelo corpo. E isto se realiza por três mecanismos

1.    Nervoso: As informações captadas pelos receptores químicos espalhados no sistema vascular (carótida  e aorta) e nos mecanoreceptores  da caixa torácica são transmitidas  através de nervos aferentes (sensitivos) para o centro respiratório situado sistema nervoso central  (bulbo/ponte) que emite repostas através de nervos eferentes (motores) para os músculos  respiratórios ( inspiratórios e expiratórios) da caixa torácica e abdome

 

2.    Humoral: se dá por meio da veiculação de transmissores químicos através da corrente sanguínea, sendo seu principais agentes o oxigênio,  gás carbônico e hidrogênio  (PO2, PCO2, pH) que vão estimular direta ou indiretamente receptores no centro respiratório

 

3.   Mecânico: se processa através  de nervos que transmitem ao centro respiratório informações provenientes dos mecanorreceptores relativas ao estado de tensão dos músculos da caixa torácica que através de processo de feedback (retroalimentação) gradua a intensidade contração e expansão da caixa torácica

     Todos os eventos relacionados a respiração listados acima estão submetidos a um rigoroso sistema de regulação automática de forma suprir as demandas metabólicas do nosso organismo, mas para atender ao objetivo desta publicação focalizaremos nossa atenção apenas no controle da ventilação pulmonar, visto que dos eventos acima listados este é aquele que pode ser influenciado diretamente através da respiração consciente, os demais são influenciados indiretamente. E também porque é através da ventilação pulmonar que se define o ritmo respiratório.

O ritmo respiratório é o padrão assumido pela sucessão de ciclos respiratórios. Cada ciclo é expresso por um onda constituindo de duas fases uma ascendente  representando  a inspiração e outra descendente  a  expiração.  Entre os ciclos há uma pequena pausa.  As ondas possuem formas e amplitudes variáveis e uma determinada frequência de repetição. Todo este conjunto de parâmetros compõem o padrão respiratório, conhecido como ritmo respiratório ilustrado abaixo.




       Através da respiração consciente podemos modificar o ritmo respiratório de acordo com objetivo que nos propomos alcançar, alterando   nossa fisiologia e também, quando associado a técnica da  meditação orientada e da visualização criativa, influenciar nas funções mentais e espirituais tendo, portanto, o potencial de se bem orientada contribuir para a harmonização corpo, mente e espirito

A ventilação pulmonar promove a entrada e saída de ar dos pulmões. Nos alvéolos pulmonares ocorrem as trocas gasosas, a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue formando a oxihemoglobina e a saída do gás carbônico que vem da célula na forma de  carboxihemoglobina. A porcentagem do oxigênio combinada a hemoglobina (oxihemoglobina) corresponde a saturação do oxigênio no sangue. Uma das formas mais práticas de avaliá-la  é através  do oximetro de pulso.   Para adultos, a faixa  normal é 95 - 100%. Um valor mais baixo de 90% é considerado baixa saturação do oxigênio, exigindo a sua suplementação

Do exposto acima, podemos deduzir, que quando intervimos em nossa respiração de forma consciente, temos a possiblidade de influenciar na concentração de oxigênio (pO2) de gás carbônico (pCO2) e Hidrogênio (pH) (indicador de acidez ou alcalinidade) dos líquidos orgânicos, consequentemente na eficiência das ações metabólicas. Porem além destes efeitos fisiológicos, podemos   através da respiração consciente associada a meditação influenciar também o campo mental e espiritual como veremos na próxima postagem. Até lá!