RESPIRAÇÃO, DA FISIOLOGIA À ESPIRITUALIDADE
Parte 1 : A fisiologia respiratória
Introdução
O nosso interesse em explorar este tema adveio da convicção que temos de que a respiração é o processo mais objetivo e mais fácil de interagir com Deus conforme vamos explicar. A respiração é um processo que possui um sistema automático de controle para manter sob equilíbrio as condições essenciais para a preservação da vida. Por outro lado, é também um processo que pode sofrer interferência da nossa vontade alterando as condições estabelecidas pelo controle automático.
Assim,
como acreditamos que uma inteligência organizadora é responsável pela criação e
gerenciamento de tudo que existe no Universo, deduzimos que esta inteligência está
presente em nós, atuando permanentemente pela manutenção do equilíbrio
funcional do nosso corpo. Portanto, quando usamos conscientemente nossa
respiração para mudar o nosso padrão respiratório estamos interagindo com esta inteligência
organizadora suprema. Por isso, para os espiritualistas a respiração é um
mecanismo fisiológico que propicia uma interação
direta entre criatura e criador, possibilitando transformações no eixo
corpo-mente- espirito repercutindo na saúde física, mental e espiritual.
Para o
entendimento desta linha de raciocínio torna-se fundamental uma revisão de alguns conhecimentos básicos da fisiologia
respiratória para poder compreendermos o alcance da interferência da nossa
mente, através processo respiratório, sobre as condições de saúde física,mental
e espiritual.
Fisiologia da Respiração
Do ponto de vista anatômico o sistema respiratório pode ser dividido em três seções, a
saber; 1) Superior,
constituído do nariz e faringe 2) Média que incluem a laringe, a traqueia, os brônquios 3) Inferior que corresponde os pulmões propriamente ditos,
constituídos dos bronquíolos respiratórios e alvéolos.
É nas paredes alveolares, em
intimo contato com os capilares pulmonares, onde ocorre o processo de trocas gasosas
por difusão. Porém, para a eficácia
das trocas gasosas é necessário que haja perfusão
sanguínea adequada para área pulmonar através do sistema cardiovascular
O sistema respiratório tem como função principal fornecer oxigênio (O2)
aos tecidos para atender as necessidades do metabolismo corporal e eliminar o gás
carbônico (CO2) resultante das atividades metabólicas. As funções do sistema respiratório podem ser classificadas em 5 eventos
1)
Ventilação pulmonar que significa a
entrada e saída do ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares
2)
Trocas gasosas em dois níveis:1) entre os alvéolos e
os capilares pulmonares 2) entre os
capilares sistêmicos e as células teciduais
3)
Transporte de oxigênio para dentro das células e de
dióxido de carbono para fora das mesmas;
4) Utilização do oxigênio no metabolismo corporal
5)
Regulação da respiração.
Dos eventos acima, daremos atenção nesta publicação apenas ao processo de
regulação da respiração por estar mais diretamente vinculado ao
propósito do tema aqui abordado.
Regulação da respiração
A
Regulação da respiração tem como objetivo ajustar a atividade respiratória às demandas
metabólicas nas diversas situações vivenciadas pelo corpo. E isto se realiza
por três mecanismos
1. Nervoso: As informações
captadas pelos receptores químicos espalhados no sistema vascular (carótida e aorta) e nos mecanoreceptores da caixa torácica são transmitidas através de nervos aferentes (sensitivos) para o centro respiratório situado sistema nervoso central (bulbo/ponte) que emite repostas através de nervos eferentes (motores) para os
músculos respiratórios ( inspiratórios e
expiratórios) da caixa torácica e abdome
2. Humoral: se dá por meio da
veiculação de transmissores químicos
através da corrente sanguínea, sendo seu principais agentes o oxigênio, gás carbônico e hidrogênio (PO2, PCO2, pH) que vão estimular direta ou
indiretamente receptores no centro respiratório
3. Mecânico: se processa através de
nervos que transmitem ao centro respiratório informações provenientes dos mecanorreceptores
relativas ao estado de tensão dos músculos da caixa torácica que através de
processo de feedback (retroalimentação) gradua a intensidade contração e
expansão da caixa torácica
O ritmo respiratório é o padrão assumido pela sucessão de ciclos respiratórios. Cada ciclo é expresso
por um onda constituindo de duas fases uma ascendente representando a inspiração
e outra descendente a expiração. Entre os ciclos há uma pequena pausa. As ondas possuem formas e amplitudes
variáveis e uma determinada frequência de
repetição. Todo este conjunto de parâmetros compõem o padrão respiratório, conhecido como ritmo respiratório ilustrado
abaixo.
A ventilação pulmonar
promove a entrada e saída de ar dos pulmões. Nos alvéolos pulmonares
ocorrem as trocas gasosas, a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue
formando a oxihemoglobina e a saída
do gás carbônico que vem da célula na forma de carboxihemoglobina.
A porcentagem
do oxigênio combinada a hemoglobina (oxihemoglobina) corresponde a saturação do oxigênio no sangue. Uma das
formas mais práticas de avaliá-la é através
do oximetro
de pulso. Para adultos, a faixa normal é 95 - 100%. Um valor mais baixo de
90% é considerado baixa saturação do oxigênio, exigindo a sua suplementação
Do exposto acima, podemos
deduzir, que quando intervimos em nossa respiração de forma consciente, temos a
possiblidade de influenciar na
concentração de oxigênio (pO2) de gás carbônico (pCO2) e Hidrogênio (pH) (indicador
de acidez ou alcalinidade) dos líquidos orgânicos, consequentemente na
eficiência das ações metabólicas. Porem além destes efeitos fisiológicos,
podemos através da respiração consciente associada a meditação influenciar também o campo mental
e espiritual como veremos na próxima postagem. Até lá!